sábado, 6 de maio de 2017

Conto Rabínico






Num dos extremos do Universo ergue-se uma montanha muito alta.

Em seu cume jaz uma pedra enorme. 

E jorra da pedra uma fonte de água cristalina.

No outro extremo bate o coração do mundo.  Todas as coisas tem coração.

E o Universo também possui um único e grande coração, que não desvia o olhar da fonte cristalina,
e não se cansa de fitá-la.

O coração do mundo anseia, deseja e suspira sedento de água cristalina.

Mas não pode aproximar-se, sequer um passo em direção da fonte.

Pois, assim que se move do lugar, perde de vista o cume da montanha e a límpida nascente.

E quando, por um só instante,  não enxerga a fonte, o coração perde o alento e o mundo começa a morrer...

A fonte cristalina não possui tempo próprio; vive do tempo que o coração do mundo lhe oferece.

E o coração do mundo lhe oferece um dia, apenas.

Quando o dia morre, a fonte entoa um poema ao coração e Este lhe responde com um cântico.

E suas melodias se espalham pelo Universo, irradiando fios de luz que unem, uns aos outros, os corações de todas as coisas criadas...

E há um homem justo e bondoso que caminha pelo mundo, recolhendo dos corações os fios luminosos, urdindo com eles, o Tempo.

Quando acaba de tecer um dia inteiro, ele o oferece ao coração do Universo.
este oferece-o à fonte cristalina.

E a fonte vive mais um dia...



 Sch.  an-ski –  “O dibuk”



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