Só podemos dar um encaminhamento positivo à nossa vida quando estamos dispostos a assumir responsabilidade por ela como ela é agora.
A pior forma de escravização da mente é sucumbir à mentalidade da vítima, de acordo com a qual tudo o que somos é resultado dos atos de outras pessoas. Quando caímos na armadilha desta crença, ficamos impotentes, humilhados, incapazes de mudar ou de aproveitar qualquer opção que se apresente. Exigimos que os outros mudem primeiro para nos sentirmos livres, poderosos, o que for. Gastamos toda nossa energia tentando mudar os outros ou as circunstâncias. Agindo assim, não somos livres.
É
verdade que, num dado momento, pode ser preciso culpar os outros ou esbravejar
contra a sociedade, contra os pais ou o destino, com intuito de descarregar os
sentimentos e perceber em que sentido ainda estamos presos à impotência e à
desesperança. Mas se mantivermos a
crença na vitimização, trairemos a mais profunda verdade do nosso ser, ou seja,
a de que somos agentes livres e criativos da divindade, por mais que estejamos
temporariamente limitados e distorcidos, e por mais restritivas que sejam as
circunstâncias cármicas.
Quando
percebemos que estamos neste mundo limitado e dualista, mas não somos
necessariamente deste mundo também saberemos que estamos unidos ao
criador. Nossa tarefa é manifestar tanto
quanto possível a nossa divindade inerente, aprendendo a ser co-criadores
positivos no nosso mundo. O primeiro
passo é assumir a responsabilidade pela criação de nossa própria vida, tal como
ela se apresenta na atualidade.
Somos
responsáveis pela nossa vida simplesmente porque ninguém mais poderia sê-lo.
Estamos constantemente sujeitos a muitas influências e condicionamentos
externos, passados e presentes, e contudo somente nós conduzimos a nossa
experiência de vida a cada momento.
Por
mais caótica que pareça nossa vida num determinado momento, somos nós os
autores das escolhas atuais.
Essa
verdade não deve ser usada para nos diminuir quando a vida vai mal nem para nos
engrandecer quando ela vai bem. É fácil
distorcer a idéia da responsabilidade pessoal e transformá-la no dever de
assumir a culpa pelas coisas “ más” da vida e o crédito pelas “boas’. A criação da vida não é uma questão de culpa
ou crédito do Ego, pois as forças criativas que moldam a nossa vida incluem
complexas forças inconscientes, coletivas e circunstanciais que estão além do
controle do pequeno Ego. No entanto,
também é verdade que as escolhas de vida pessoais tanto ao nível consciente
como no inconsciente, em última análise cabem exclusivamente a nós.
Cada
um de nós manifesta um conjunto único de realidades, organizado como um Eu
separado. Cada um de nós é uma
expressão complexa do que os seres humanos podem expressar e vivenciar. Somos muito mais do que o Eu separado
delimitado pela pele. No entanto, cada
um de nós também é um Eu diferenciado, um corpo separado. A vida que vivemos agora precisa ser aceita
como a manifestação do nosso centro singular de consciência criativa – tanto do
Eu Inferior quanto do Superior, nos níveis da personalidade do Ego, da Criança
interior e da Alma Transpessoal.
Quando
aprendemos a reconhecer o Centro Criativo Interior, podemos aprender a criar a
vida de maneira muito mais harmoniosa.
Aprendemos a criar conscientemente, a partir do Eu Superior e não a
criar inconscientemente, a partir do Eu Inferior. Mas, para aprender a criar positivamente, em
primeiro lugar é preciso aceitar a responsabilidade sem atribuir culpas pelas
nossas criações negativas na vida.
Suzan
Thesenga
“O
Eu sem defesas”
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