A ALMA
HUMANA
A alma humana, dos
seus níveis mais baixos até os mais altos, é uma entidade única e singular,
apesar de ter muitas facetas. Em seu ser mais profundo, a alma do homem é uma
parte do Divino e, a este respeito, é uma manifestação de Deus no Mundo. Com
certeza, o mundo como um todo pode ser visto como uma manifestação divina, mas
o mundo permanece algo diferente de Deus, enquanto que a alma do homem, em suas
profundezas, pode ser considerada como uma parte de Deus.
De fato, somente o
homem, em virtude de sua alma divina, tem o potencial e algo da capacidade real
de Deus, em Si Mesmo. Este potencial se expressa como a capacidade de ir além
dos limites de uma existência dada, de deslocar-se livremente e escolher outros
caminhos, possibilitando ao homem atingir as maiores alturas – ou cair nos
infernos mais profundos. Em outras palavras, é o poder de querer e de criar.
Portanto, do
livre-arbítrio do homem deriva seu único potencial, do fato de que é uma parte
da vontade divina, sem limites e sem restrição. O poder criativo do homem
também é derivado do mesmo poder divino de criar coisas que jamais
anteriormente existiram, destruir coisas que já existem, e inventar novas formas. Nesse sentido, também, o homem
é feito à imagem de Deus.
É compreensível que o
Divino não apareça no homem em toda a infinitude do seu ser; e falamos somente
de um aspecto de Deus, ou de uma faísca divina, que constitui a essência da
vida interior do ser humano. Por mais velada e mascarada que esteja, em seu
contexto mais amplo a raça humana também pode ser considerada como manifestação
de Deus no mundo. E cada pessoa é uma parte intrínseca desta divina fonte de
luz, o ponto da essência. Este ponto essencial e fonte é conhecido num certo
nível como Shekhinah, o poder vitalizante divino, que dá vida ao mundo e
em outro nível como Knesset Israel – o reservatório onde todas as almas do mundo
estão contidas como essência única, apesar de não se revelar como tal, porque
no mundo, apenas um brilho das faíscas da santidade em certas pessoas é
revelada. Então, toda alma é um fragmento da luz divina. Como faísca, uma parte
que contém algo do todo, a inteireza essencial da alma não pode ser alcançada
senão pelo esforço, através do trabalho com o todo maior.
No entanto, apesar de
todos os laços que unem a alma individual com uma fonte superior ou com todas
as outras almas, cada faísca particular, cada alma individual é única e
especial, em termos de sua essência, sua capacidade e o que dela se exige. Não
há duas almas que coincidam em suas ações, funções e caminhos. Nenhuma alma
pode tomar o lugar de outra, e nem o maior dos maiores pode preencher a função
especial, o lugar especial, de outro que talvez seja o menor dos menores. A
vida de uma pessoa é algo que não tem substituto nem troca possível; nada nem
ninguém, pode ocupar o seu lugar.
A alma como existência
primordial – ou seja, antes de sua conexão com o mundo físico – já é portanto
uma entidade espiritual diferente, no sentido de que é uma combinação especial
de vários mundos (Sefiras). Nenhuma alma pertence somente a uma Sefira,
embora em toda alma existe uma tendência
a manifestar mais de algumas Sefiras do que outras. Geralmente as almas são produtos das
combinações entre as Sefiras; e pode haver centenas e
milhares dessas combinações numa vasta variedade de formas, numa única alma.
Então, pode-se dizer que as almas diferem de acordo com a diferença nas Sefiras
que formam a combinação e na própria combinação, assim como no nível dos mundos
dos quais a alma é manifestada. Tudo isso ainda está no campo de ação
espiritual e abstrato.
Não obstante, a ação
principal da alma, sua importância maior não radica no fato dela ser abstrata,
e estar distante do mundo físico, mas precisamente no mundo das criaturas
vivas, em seu contato com a matéria. Porque dentro do extremamente complexo
sistema de relações entre a alma e o mundo da substância material como um todo
– especialmente as relações com seu próprio corpo – a alma é capaz de alcançar
níveis muito mais altos de evolução, do
que no seu estado abstrato de essência separada, no que se conhece como o
estado paradisíaco fora do corpo.
O processo da conexão
da alma com o corpo – chamado “a descida da alma para a matéria” – é visto de
uma certa perspectiva como a profunda tragédia da alma. Mas a alma assume esse
terrível risco, como parte da necessidade de descer para fazer a subida
desejada até alturas desconhecidas. É um risco e um perigo, porque a conexão da
alma com o corpo e o seu contato com o mundo material, o único fator que está livre (não limitado pelo determinismo da lei
física e capaz de escolher e mover-se livremente), possibilitam à alma cair e,
na queda , destruir o mundo. De fato, a Criação em si mesma, e a criação do
homem é exatamente esse risco, uma descida cuja finalidade é uma posterior
ascensão.
Naturalmente, a alma é
imaterial e não está somente além da matéria, mas também além do que é
considerado espírito: ou seja, está além de tudo o que o intelecto, no seu
nível mais alto pode alcançar e entender ou esclarecer para si mesmo. Portanto,
a alma não deve ser concebida como certa essência definida, encerrada no corpo,
nem como um ponto ou substancia imaterial, mas como uma linha contínua de ser
espiritual, estendendo-se da fonte geral de todas as almas até além do corpo
específico de uma pessoa em particular. A ligação entre o corpo e a alma é como
o que acontece no final de um raio de luz, quando um corpo escuro é iluminado.
E como a alma não é um ponto único no espaço, ela deve ser encarada não como
uma única existência que tem uma qualidade ou caráter, mas como muitas
existências, numa variedade de níveis espirituais, um próximo do outro, acima e
além do outro. Então, para começar, a alma dá ao corpo sua vida e seu ser, esse
ser vital que diferencia tudo o que está vivo e é real. Além disso, ela fornece
à pessoa individual seu caráter especial e, como conseqüência, fixa a maneira
como ela participará da realidade da vida das criaturas no mundo.
Em outras palavras,
uma alma humana, em seu nível mais primário, anima a existência em termos de força de vida,
movimento e propagação da espécie; e depois, em outro nível, ela age como fonte
da capacidade do homem para pensar, imaginar, sonhar e contemplar. A faísca
divina que é a alma vitaliza assim o corpo humano, com a essência da vida das
criaturas vivas, mas de um modo muito mais complexo e potente que nas outras
formas de vida. Apesar dessa complexidade maior de mente e emoções, este nível
da alma é chamado “alma animal”, no sentido de que é paralela às almas de outras
criaturas vivas tendo as mesmas funções, pensa e está consciente de si mesma,
como estando concentrada num recipiente particular, o recipiente do corpo. Ao
mesmo tempo, esta alma, a alma primária, natural animal do homem não está
necessariamente ligada somente a necessidades animais ou aspectos físicos da
vida, sendo – como ele é – a fonte dos aspectos ou qualidades peculiares a cada
um como pessoal.
Num nível mais alto,
acima desta alma primordial existe em cada ser humano uma alma divina. Esta é a
primeira faísca de consciência além da espécie zoológica, além mesmo da
consciência de um animal superior ou mais desenvolvido, e está diretamente
ligada à essência divina, na forma de uma linha traçada de cima para baixo,
estendendo-se do nível primordial chamado “Alma”, que existe , de uma forma ou
de outra em todo homem. Ela existe em cada ser individual, escondida e
encoberta como uma faísca de uma percepção superior, de uma aspiração superior,
e toca o nível mais alto, que é o Espírito. Este nível corresponde ao mundo
superior, acima do nosso próprio mundo de ação, chamado o “Mundo da Formação”.
Em outras palavras, esse nível da alma humana, conhecido como “espírito”,
corresponde em sua essência interna ao nível de um anjo no mundo da formação.
Além deste, há um
terceiro nível chamado Neshamah (alma superior), que
corresponde ao nível do ser no mundo da criação, que é ainda superior e mais
puro. Acima deste, para além de Neshamah, há um nível denominado Chaya,
que corresponde à ação das forças das Sefiras no mundo da emanação. E além
de todos estes, o ponto mais interno da faísca divina é o chamado Yekhidah,
que pode ser considerado o ponto de contato entre a alma e a própria essência
de Deus.
Exatamente como a
união de corpo e alma dá vida ao corpo, ela também envolve a alma na substância
material e imaterial, fornecendo-lhe os poderes do corpo físico, e este não é
um processo unidirecional. A alma não apenas dá ao corpo, força vital e vida,
ela também obtém algo do corpo, da ligação do corpo com a matéria e a forma,
suas capacidades físicas, seus canais de percepção e seus vários laços com o
mundo material e imaterial. Deste modo a alma fica logicamente limitada e
restrita pelo corpo, mas também incorpora uma nova forma de ser, um ponto de
vista diferente. O contato e a atração mútua entre o corpo e alma criam uma
contingência, uma situação única, gerando a pessoa humana, que não é nem corpo
nem alma, mas uma fusão de ambos. Este ser “conjunto” pode realizar grandes
coisas, dando expressão à glória do corpo, sendo criado da matéria inerte e
para júbilo da resposta da alma a este contato mútuo.
Só que o eu não é um
ponto particular, uma intersecção no espaço ou uma essência especifica, e
assim, é diferente para um, e até num mesmo homem, nos diversos estágios do seu
desenvolvimento. Nos primeiros estágios da vida, por exemplo, a existência do
eu concentra-se quase totalmente na vida do corpo, enquanto que os níveis mais
altos da mente e do espírito não se mostram, salvo de forma inconsciente. Com o
crescimento, com o desenvolvimento dos poderes físicos e espirituais, uma
pessoa se torna cada vez mais consciente da essência mais alta de sua alma. De
acordo com as suas capacidades, uma pessoa pode perceber seu potencial espiritual
como homem e ir além, se realizar o esforço, até o reino do Divino, nele. Mas
sempre ficarão dentro de sua vida e consciência, poderes extraídos do seu
corpo, do contato do seu corpo com a matéria e com os vários seres físicos e
espirituais no mundo. Parte desses estão no eu sob forma de consciência, e
parte não são conscientes, porque as essências inconscientes do ser persistem
também nos aspectos mais altos da alma. Portanto, o progresso para a perfeição
depende da capacidade de cada um de elevar o seu eu ao nível de identificação
com a mente superior, que está situada além
do contato entre a matéria e o espírito; é uma ascensão de consciência mais
alta que vai dos reinos do Espírito até a Alma e, em casos extremamente raros,
até níveis ainda mais altos de Chaya, que corresponde ao nível da
revelação na profecia, quando o eu
recebe poder e plenitude diretamente e conscientemente do mundo da emanação.
Então a consciência,
assumindo sempre uma nova identificação ao longo da linha da vida da alma é o
meio do homem ascender até a perfeição. Quanto mais a pessoa ascende, mais
perto ela fica da realização da finalidade superior do seu ser. Com certeza,
somente algumas poucas pessoas tem alguma vez o privilégio de atingir esses
níveis superiores; e mesmo quando os alcançam, não é para neles ficarem, mas
para experimentar um ocasional lampejo de consciência da existência maior.
Somente as pessoas extraordinárias atingem este nível onde existe o eu, em
termos de consciência, no mundo da emanação. O resto da humanidade vive no
mundo da ação, ou um pouco acima dele. Eles podem ascender um pouco – se, de
fato, conseguirem fazê-lo alguma vez – somente em virtude de sua escolha, seus
esforços mais sinceros.
Como a alma é da
essência interior das Sefiras, ela precisa necessariamente
manifestar as estruturas das dez Sefiras na vida real; porque as
mesmas são os instrumentos da Onipotência Suprema. Portanto, quando o homem vive
num estado de perfeição, sem nenhuma distorção do seu ser, sua alma e as
relações entre ela e seu corpo refletem o mundo inteiro e as dez Sefiras
supremas, e ele pode dizer: “ No
entanto, na minha carne haverei de ver a Deus “ . O homem, na sua pureza,
deveria ser capaz de perceber toda a ordem de relações entre Deus e o mundo, e
a ordem de relações dentro das Sefiras como se reflete no
microcosmo de sua existência humana; e de suas inter-relações mútuas deriva e
manifesta-se todo o amplo leque de pensamentos, sentimentos e experiências do
homem. Assim, as três primeiras Sefiras afirmam os aspectos da
consciência pura: Hockmah, que expressa
o poder da luz original é o que distingue e cria e é a base da percepção
intuitiva; Binah, expressando o
poder analítico e sintético da mente, constrói e inclui formas e sonda o
significado do que vem da Sefira de Hockmah; e Daat,
que expressa a cristalização da consciência em termos de conclusões e a
verificação abstrata dos fatos, é o que permite à consciência fazer uma
transição de uma forma de existência para outra, assegurando desse modo sua
continuidade. Depois, seguindo-se a estas estão as três Sefiras das emoções mais
elevadas: Chesed, Geburah e Tiferet. Chesed, como graça e amor, representa a inclinação para as coisas, o desejo de, ou a
atração pelos seres, o fluxo de extroversão e abertura para o mundo, o que dá
de si mesmo, seja em termos de vontade, afeição ou relação e, em dando, abre-se à Sefira de Geburah,
ou Força. Portanto Geburah é uma retirada das forças para dentro, uma concentração
de poder que fornece uma fonte de energia para o ódio, o medo e o terror, assim
como para a justiça, a restrição e o controle. Tiferet é harmonia, compaixão,
assim como beleza, sendo uma síntese ou equilíbrio dos poderes maiores da
atração e da repulsão, e leva à aceitação moral e estética do mundo. Dessas,
seguimos para as Sefiras que agem diretamente no mundo real da experiência: Netzah,
Hod e Yesod. Netzah é a
vontade de vencer, o impulso profundo de realizar as coisas. Hod,
na luta para cumprir e atingir o que se deseja, também é poder de repudiar os
obstáculos que surgem da realidade, e perseverar. Yesod é o poder de
conexão, a capacidade de e a vontade de construir pontes, fazer contatos e
relacionar-se com os outros, especialmente da maneira como é feito com o
professor, o pai, mãe ou ainda outras figuras de significado e
autoridade. Finalmente, a Sefira de Malkhut é a realização,
ou vivência deste potencial, no ser essencial; é a transição da alma para a
existência externa, o pensamento e o fato. Também efetua a transmutação da
consciência de volta para Kheter, a primeira e mais alta Sefira,
que é a essência da vontade e contém em si todos os altos poderes que ativam a
Alma, a partir de instâncias superiores.
Esses poderes básicos
se combinam e trabalham juntos; dois ou mais deles produzem um evento ou ativam
algo e juntos criam os pensamentos e sentimentos do homem em toda a sua enorme
sutileza e complexidade. Então cada pensamento, emoção ou ato é resultado da
combinação de forças de uma, outra, ou de todas as Sefiras, compondo assim
uma essência singular, um ser ou criação particular no mundo.
A alma do homem
funciona através do seu instrumento ou recipiente, que é o corpo. Através dele
e com ele, a alma pensa, percebe, sente e age; através dele e por ele, a alma
tem de cumprir sua dupla função na realidade. Primeiro tem de executar uma
determinada tarefa no processo de aperfeiçoar o mundo externo, ou pelo menos
essa parte do mundo à qual se destina. E, segundo sua tarefa é elevar-se. Mas
essas tarefas não são necessariamente separadas; elas são cumpridas
simultaneamente, porque o mundo físico contém em si mesmo uma essência maior,
forças superiores nas quais, apesar de escondidos e distorcidos, existem
elementos da ausência de forma divina original. É com essas forças superiores
que a alma, em seu trabalho de evolução e aperfeiçoamento, ou ainda, correção (Tikkun), é unida: e assim elevando uma porção do
mundo, também ela é elevada e levantada. A relação entre corpo e alma, e de
modo geral entre o espírito das coisas e sua corporeidade, pode ser expressa
pelo exemplo de um cavaleiro sobre um cavalo. Um cavaleiro que mantém o
controle e guia seu cavalo pode ir mais longe do que poderia ir a pé. Então,
como é adequada a imagem do Messias como um homem pobre montado num burro para
descrever a condição humana; a faísca divina conduzida e guiando, o burro
físico suportando e esperando por liderança e poder.
O caminho de Tikkun,
o curso planejado para a estada da alma no mundo, é geralmente achado na Torá
(a Bíblia hebraica), que se supõe seja um instrumento guia. Porque a Torá
não é apenas uma revelação mais alta; é um guia prático para dirigir o homem em
seu caminho, mostrando-lhe o que fazer e como fazê-lo, em sua tarefa de
consertar o mundo. Dentro desse curso geral de tarefa de elevar o nível do
universo, cada alma tem de achar seu próprio caminho particular, seu próprio
lugar, e os objetos específicos relativos à sua existência. Portanto, foi dito
que cada uma das letras da Torá tem sua alma correspondente; ou
seja, cada alma é uma letra em toda a Torá, e tem sua própria função a ser
cumprida.
A alma que cumpriu sua
tarefa, que fez o que tem de fazer em termos de criar ou consertar sua própria
parte do mundo e realizar sua própria essência, pode esperar, após a morte,
pela perfeição do mundo como um todo. Mas nem todas as almas são privilegiadas
assim; muitas se perdem, por uma razão ou outra; às vezes uma pessoa não faz
todas as coisas corretas, e às vezes utiliza suas forças de maneira errada,
estragando sua porção e a porção dos outros. Nesses casos, a alma não completa
sua tarefa e pode até ficar machucada e comprometida no contato com o mundo.
Não conseguiu completar a porção de realidade que somente essa alma particular
pode completar, e, portanto após a morte do corpo, a alma retorna e é
reencarnada no corpo de outra pessoa, e de novo, tem de tentar completar o que deixou de corrigir ou o que
danificou no passado.
Os pecados do homem
não são eliminados até que sua alma possa completar o que precisa ser
completado. Disso podemos ver que a maioria das almas não são novas, não estão
no mundo pela primeira vez. Cada pessoa carrega a herança de existências
anteriores. Geralmente não se obtém o eu anterior novamente porque a alma se
manifesta em diferentes circunstâncias e em diferentes situações. Além disso,
algumas almas se compõem de mais do que uma única pessoa anterior,
compartilhando partes de várias pessoas. Uma grande alma, geralmente
reencarna-se não num único corpo, mas se ramifica, participando de várias
pessoas, cada uma das quais tem de satisfazer diferentes aspectos da
existência. Apesar dessa incalculável complexidade, a alma estará formada pelos
mesmos elementos constitutivos, e terá de completar essas tarefas incompletas
deixadas pelo ciclo anterior. Portanto, o destino de uma pessoa está ligado não
somente com as coisas que esta pessoa cria e faz, mas também com o que acontece
à alma em suas encarnações anteriores. Os encontros e eventos da vida, suas
alegrias e suas penas, são influenciados pela existência anterior de cada um. A
existência de uma pessoa é uma continuidade, a sustentação de uma determinada
essência fundamental; e certos elementos que parecem não pertencer ao presente
podem subir até a superfície, e a pessoa tem de completá-los ou consertá-los ou
corrigi-los uma porção do mundo que é sua tarefa colocar em ordem, para elevar
sua alma até seu nível correto.
E esta luta das almas
também é a luta e o caminho do mundo para a sua redenção. Quando as almas
voltam e lutam para corrigir o mundo e justificar-se, num certo nível deste Tikkun
geral ou correção, elas atingem seu pico máximo. Então os maiores obstáculos
ficam atrás da raça humana, e esta pode prosseguir para a sua perfeição com
passos seguros e sem a herança do sofrimento herdada de existências anteriores
e pecados anteriores – este é o começo da Salvação, que é o tempo do Messias.
Dessa maneira, o homem segue até que esse estágio seja atingido, quando então todas
as almas voltam, cada uma para o seu próprio eu, quando cada eu no mundo
entrará numa nova vida em completa fusão com as forças superiores da alma em
todos os níveis e no corpo, manifestando todos os poderes potenciais que
contém. Este nível da perfeição de toda a humanidade, no qual existirá uma nova
relação entre corpo e alma, e o mundo
será um todo nele mesmo, é chamado “Paraíso”
ou “o Próximo Mundo“. É a meta para a qual todas as almas dos homens, ao
desempenhar suas tarefas privadas e específicas na vida, aspiram e lutam.
“A Rosa de treze pétalas”
Adin Even Yisrael -
Steinsaltz
Nenhum comentário:
Postar um comentário